# Um conto - parte quatro

No inicio era um vazio, e uma saudade, mas Math conseguira enganar seu coração com as curtições e ilusões com várias garotas. A noite era sua distração e sua amiga. Um drink ou dois e uma nova garota, assim era sua nova vida, desde que seu namoro terminara com Soph. A dona do sorriso doce, expressado entre cócegas ou um 'bicu' de ciumes. Sentia saudades das tardes andando de bicicleta com sua amada, ou um por-do-sol brincando na areia branca. Queria aquele abraço quente e acolhedor, que sabia a hora certo de envolve-lo, mesmo quando nada dizia. E assim seguia, dizendo sempre 'estou feliz', mesmo sabendo que seu coração doia e chamava por um nome. Mesmo magoado, ele sabia, ainda a amava.
Depois de um mês sem noticias daquela que havia despedaçado seu coração, estava pronto para enfrentar na semana seguinte, toda a escola, que logo perceberia a ausencia de Soph ao lado direito de Math. Mas ele não ligava muito pro que os outros pensavam. Aprendera a se importar apenas com ele mesmo, outra vez.
Numa terça-feira, despertou cedo e pela janela via o sol ainda tomando folego para chegar ao seu ponto mais quente. Tomou um banho, nem quente, nem frio. Escovou os dentes, e arrumou o cabelo de várias maneiras. Ria na frente do espelho com seus penteados.
Vestiu um jeans velho, e a blusa de frio xadrez que ganhara de presente de sua doce menina, e que havia um pequeno detalhe, a inicial da dona de seu coração, exatamente do lado esquerdo da blusa. Desceu para tomar seu café forte e amargo, como de costume, e comeu dos biscoitos que sua mãe havia feito e deixado no pote sob a bancada.
Não tinha motivos para levantar cedo da cama, e nem o garoto entendia porque do despertar. Apenas resolveu sair, sem rumo, sem destino previsto. Vestiu uma jaqueta e saiu.
Andou pelas ruas que tinham lembranças dele e Soph, reviveu cada beijo e pode ouvir a risada dela ecoar, no silêncio e vazio das ruas. Passou pela praça que marcara o inicio do romance, onde se encontraram pela primeira vez, numa tarde fresca, em que o primeiro beijo aconteceu. Observou por instantes o banco que ocuparam naquela tarde, e outra vez ouviu Sophia dizer do que gostava e não gostava. Riu, ao 'vê-la' dizer que não gostava de seus pés, por serem magrinhos, com dedinhos gorduchos, pés estes, que ele adorava morder ou acariciar.
Vagava, apenas revivendo lembranças. Até chegar onde seu coração mandara. A casa branca de dois andares, com um telhado marrom, flores ao redor da casa, e com uma janela lateral cheia de adesivos e pelucias penduradas.. o quarto de Soph. Conhecia bem aquele lugar, colorido, cheio de fotos, detalhes infantis, e com o cheiro dela, em cada almofada, cada parede. Tudo era doce, e ao mesmo tempo amadeirado, assim como ela, doce, porém, intensa.
A vontade era tacar uma pedrinha, mas já nem sabia se ela morava alí. Nem as amigas tinham noticias dela. Nem a irmã sabia dizer pra onde a moça alta, magra, de cabelos castanhos havia fugido. Nada fez, continuou alí, por 10 min, com as mãos no bolso e recostado na árvore.
Vagou outra vez, até chegar no pier que eles gostavam de sentar e conversar, olhando o mar. Talvez tenha ido pra lá sabendo que se ela quisesse encontrá-lo lembraria do lugar e o acharia.

*Enquanto isso...*

Sophia terminou de desfazer as malas, e escutou o pai e a irmã acordarem. Juntou as roupas para lavar e pos no cesto de roupas, em seu banheiro. Arrumou sua escrivaninha, decorada com papéis e mais papéis, cartas e documentos. No fim da arrumação, arrumou a si propria. Ajeitou os cabelos ondulados, vestiu uma calça jeans, uma blusa de frio branca, uma regata preta,  e um casaco de moleton.
Não sabia como seria encarar o olhar interrogatório de seu pai e sua irmã. Não estava pronta para conversar com eles. Havia pensado por um mês só no que dizer à Math. Encontrou coragem, desceu as escadas, e foi até a cozinha, onde os dois estavam sentados em silêncio tomando café.
- Oi pai! - disse apoiada na parede, e com um sorriso de lado.
Olhares surpresos a intimidaram. E não seria capaz de dizer mais nada.
Seu pai rapidamente a abraçou, sem dizer nada. Sua irmã a olhava, certamente curiosa para saber por onde a mais velha se escondeu por um mês. Mas fez como o pai, apenas abraçou Soph, sem perguntar por enquanto.
Papearam um pouco, e finalmente a irmã caçula soube, que Soph esteve com os avós, no interior de Minas, comendo queijo. Riram de algo que o pai disse, sobre rato e queijo. Até que a menina se levantou, dizendo que havia algo importante para fazer, e saiu.
Sem nada pensar, ou cantarolar pelo caminho, chegou a casa de Math. Eram 9hs, e sabia, todos alí acordavam cedo, menos seu amado, mas por sorte o encontraria acordando. Respirou fundo, e tocou a campanhia. A senhora de cabelos lisos castanhos, e pele corada de sol, surpresa atendeu a porta e disse que seu filho não estava e nem havia deixado recado. Espantada, perguntou se a menina estava bem, e porque havia sumido tanto. A garota não soube responder, disse um 'Não sei.', sorriu envergonhada, e saiu.
Andou 3 quarterões em direção a sua casa, até que lembrara... 'O pier!'.

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