Te aprecio com moderação

Era estranho para ela, apenas observá-lo. Saber o que fazia, vivia, pensava, sentia. Era estranho, passar mal quando ele estava mal. Chorar e saber que ele chorava também. Se preocupar, e descobrir que ele também se importava. Talvez nem gostasse mais de sentir tudo ao mesmo tempo. Talvez ela quisesse esquecer, mesmo já tendo tentado, continuava sem saber... por onde começar.
Um objeto, uma roupa, uma rua, uma pessoa, um nome, uma letra, uma musica, uma estação do ano, e até o nada lhe remetia aquele que 'não via seu sorriso, nem seus olhos brilharem'. Mas aprendera a viver e amar com moderação, sem invadir o espaço dele e até mesmo o seu.
Pra ela sempre foi fácil assumir, gritar pro mundo o que sentia. Sem medo, sem pensar, sem se importar. Talvez por impulso, ou paixão avassaladora. Mas dessa vez, era diferente. Por muitas razões. E querendo ou não, ela havia pensado em cada passo que daria, com destino ao seu sonho; cada palavra que diria, para seu amor, talvez platónico.
Passara tanto tempo, tanto, tanto. E a cada dia ela surpreendia-se, por não ter esquecido de nem um segundo se quer ao lado de um coração que batia tão alto, ou no qual ela prestava tanta atenção que adquiriu a habilidade de ouvir. Pensava no sorriso que repentinamente aparecia em suas lembranças, em seus devaneios; o abraço, um determinado abraço, que considerava o melhor de todos. Lembrava de cada olhar entre eles, e outra vez, tinha um preferido, um especial, de um momento único e singelo. Crescia, a nitidez das lembranças, a saudade, e a paixão.
Antes, pensava como tantos outros que escutou dizer: 'vai passar'. Até esperou. Calada, retraída, escondida, esperava o dia que ia passar. O dia que esqueceria a maioria das lembranças, e nem teria mais saudades. Esse tal dia, pra ela, nunca chegou, nem se quer passou pela porta do coração. Não deu sinal, nem mandou um sinalizador para os céus, apenas para avisar que havia se perdido no caminho até o coração. O dia de esquecer o tal amor, nunca afetou o coração apaixonado.
Hoje, ela sabe. Ama! De leve, devagar, com um sorriso e um sentimento suave. Hoje carrega no peito as marcas da paixão, com ferimentos dos erros, e curativos de sabedoria. Crescendo a cada dia, se superando, rindo, seguindo, e sendo feliz, continua apaixonada. Afinal nunca deixou de amar, aquele que um dia viu todos os seus sorrisos (de raiva, ciumes, vergonha, paixão...), lhe abraçou quando precisou ou apenas queria um xodó, e lhe deu tantos beijos suaves até os mais quentes. Continua apaixonada pelo sorriso grande, a voz rouca, e quem sempre lhe chamava de anjo.
Como deixaria de amar o homem que mais soube lhe amar? Como deixar de amar o que fez seu coração acelerar? Como esquecer o quem lhe ensinou a viver? Como fingir esquecer?
Nada disso foi possível... escolheu dizer, escrever, confessar. Mas primeiro, tomou uma xícara de café, e pensou no quanto era bom o que sentia, mas quanta saudade tanto amor lhe trazia.

8 comentários:

  1. Não há nada como uma bela chícara de café pela manhã,e claro,ler isto também é muito bom,enfim,belo.

    abraço !

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  2. Como sempre...ficou linda a historia

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  3. Carolina, tu escreve lindamente...amei o texto!
    Parabéns pelo blog...bjs ;)

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  4. "Era estranho, passar mal quando ele estava mal." Aconteceu isso aconteceu comigo hoje!

    Lindo chará!

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  5. obrigada. :]

    É cada coisa né Chará?
    Tudo nos envolve sem nem percebermos. =x

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  6. Verdade!
    Ou percebemos e tentamos não nos dar conta disso para que seja mais simples... Mas nunca é!

    :)

    P.s: Acabo de ver tua resposta ao meu comentário no meu blog. Quanto a ele, tenho a te dizer: Retira essa faixa amarela escrita "Perigo", e corte-a como se estivesse cortando uma fita vermelha de inauguração.

    beijos.

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