A xícara.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tentava todos os dias guardar o amor, escondê-lo e nunca mais encontrar.
Escolheu uma xícara, que nunca usava e estava sempre abandonada.
Não tinha café, nem chá, e nem quando tinha visita ela a tentava usar.
Cortou seu coração e a frase que lhe movia a viver.
Por dias lhe faltou ar, comida, sorrisos, agua, luz e companhia.
Era apenas ela e a solidão, que nem era sua companhia, pois estava acompanhando a ilusão.
Não tinha noite nem luar que lhe trouxesse a vontade de amar.
Já tinha medo de se magoar e também a outro arrebentar.
Medo de transformar mais um sorriso em lágrima,
mais um abraço quente, em frio e calculado.
Levantou-se da cama, lavou o rosto e escovou os dentes.
Tomou um banho, pos uma roupa larga, e depois sentou a mesa.
Sua rotina estava diferente, sabia. Mas ignorava.
Sem nem perceber, enxeu de café uma xícara que estava na mesa.
Queria apenas sentir o gosto que ele gostava de sentir,
lembrar um pouco os habitos daquele que havia deixado sair.
De gole em gole, lembrava da saudade que sentira um dia,
e hoje já não intendia.
No fim do café, olhou a xícara, e vira..
havia uma marca de um coração e da frase que um dia lhe movera a viver.
Lembrava então... quebrou sua promessa.
Não conseguiu viver sem amar, e outra vez seu coração estava dentro de si,
e descia junto a razão de vivencia.
Tentara cuspir, da maneira mais deselegante.
Nada adiantava, e ela sabia.. ia voltar a sofrer.
Mesmo tento razão e frase pra lhe motivar,
queria apenas tentar esquecer tudo aquilo e aquele que fez chorar.
Tentara, e por um relance, tudo se perdera e tinha ido, por estomago a baixo.
O problema, é que não ia pro estomago..
seus orgãos tinham vontade propria, e aquele ali descera depressa,
gritando pro corpo que havia voltado, e trouxe de volta..
a dor das lembranças, a dor da saudade, a dor da ilusão, a dor da solidão.
Trouxe de volta tudo que ela não mais queria, mas que outra vez
estava de volta.